Linux

Por que e como eu deixei de usar software pirata?

Pirataria é crime. Isso todo mundo sabe. Mas não é um tema simplista. Falando em softwares de computação gráfica, que costumam ser muito caros, nem todas as empresas seguem o exemplo da Autodesk e, recentemente, da Foundry, que disponibilizam versões gratuitas não-comerciais de seus softwares para serem usadas em estudos ou em trabalhos pessoais. Afinal de contas, do que adianta investir num curso se não vai poder usar o software para treinar? Por isso, a solução de muitas pessoas é baixar versões piratas. A quem diga que nos anos 90 algumas empresas permitiam que seus softwares fossem distribuídos propositalmente de forma ilegal para que ganhassem fama. Teorias da conspiração (ou não?) à parte, os tempos mudaram e eu acredito que existem formas de sair da pirataria.

 

POR QUÊ?

Em 2011, a questão da pirataria começou a me incomodar. Eu já estava achando um saco correr atrás de software na versão que eu queria, me frustrando quando vários links se encontravam quebrados ou quando o crack não funcionava. E a cada atualização do software, tinha que fazer tudo de novo… No Windows, a cada nova atualização que fazia uma verificação de originalidade, tinha que entrar na mesma corrida para burlar o sistema. Isso definitivamente me cansou. Sem falar no risco de vírus que podem vir dentro dos cracks e sem mencionar o fato da pirataria em si, pois gostando ou não, alguém, seja empresa grande ou não, gastaram para desenvolver essas ferramentas.

 

SOLUÇÕES

Comecei a pesquisar quais softwares poderiam substituir os que eu usava de forma ilegal. Descobri uma gama de softwares gratuitos, muitos Open Source, ou com preços acessíveis. Comprei o Windows e fui usando os softwares substitutos paralelamente aos piratas até ter certeza de queles supririam minhas necessidades. Com relação a jogos, adotei plataformas como Steam e GOG que os vendem a preços acessíveis (exceto lançamentos. Mas eu não me importo com lançamentos. Logo, pra mim funciona). Passei a comprar até mesmo jogos antigos que eu gostava e tinha pirata. Depois, resolvi testar outro sistema operacional, que eu já havia testado em 2005, mas não tinha me dado muito bem. Dei outra chance pro Ubuntu. Fiquei um ano e meio usando Windows e Ubuntu em dual boot, até ter certeza de que eu poderia viver sem Windows. Tive que ir atrás de softwares que rodassem em Linux, o que não foi problema, precisei apenas testá-los, assim como o novo sistema.

Pra que tudo isso desse certo, eu tive que tirar aquela visão de discriminação que nos ilude por causa da nossa falta de conhecimento do novo. Por isso, antes de dizer que determinado software é ruim, você precisa de tempo para aprender a usá-lo para, aí sim, chegar a uma conclusão concreta.

 

SUGESTÕES DE SOFTWARES

Como eu trabalho com Computação Gráfica, pode ser que a minha lista de sugestões não sirva para você, mas acredito que parte dela possa ser um começo.

 

Software 3Dblender_logo_socket

De 1995 à 2011, eu usei 3dsmax (começando pelo 3D Studio for DOS). Estudei um pouco de XSI e, de 2011 a 2014 usei Maya, que já havia começado a estudar em 2006 por causa do curso de animação. Atualmente uso Blender, que é gratuito, não necessita instalação e, no Windows, ocupa 300Mb no disco, enquanto os outros não ficam por menos 5Gb… Tudo que eu fazia nos outros, eu faço nele. Além de ser uma ferramenta 3D, uso o Blender para pós-produção e estou me aventurando em edição de vídeos.

 

Editor de imagens gimp-logo-1

Gimp, mas confesso que para quem trabalha com fotografia TALVEZ ele não seja a melhor opção, por enquanto. Não posso opinar nessa área, pois sempre usei Photoshop para edição de texturas e pós produção. Para essas tarefas, o Gimp tem me suprido. O Dionatan Simioni (Diolinux) criou uma versão que tem a cara e os atalhos do Photoshop, para quem quiser migrar de forma mais fácil: PhotoGIMP.

 

Pintura digital logo_inkscape_gimp_krita2000px-Mypaint-icon.svg

Krita. Existe também o My Paint, mas eu prefiro o Krita.

 

Vetor logo_inkscape_gimp_krita

No lugar no Corel ou Illustrator, uso o Inkscape. Mas sou um usuário básico, como sempre fui nesse tipo de software. Ele tem as ferramentas que eu preciso e salva em SVG que é facilmente importado pelo Blender.

 

Office LibreOffice_logo.svg office

Libre Office. Eu uso apenas para textos e planilhas simples, mas pelo que eu já andei vendo, pode ser usado por usuários avançados também. Existe também um chamado WPS Office que é a cara do MS Office e tem uma compatibilidade, até onde sei, perfeita com os formatos da Microsoft.

 

Edição de vídeos Logo-kdenlive.svg

Kdenlive. Ainda testei pouco, mas parece ser muito bom.

 

Editoração 2000px-Scribus_logo.svg

Scribus. Estou testando aos poucos, pois estou escrevendo um livro e quero tentar fazer a diagramação nele.

 

Compactador de arquivos 2000px-7ziplogo.svg

7Zip. Compacta em formatos 7zip, zip, tgz e descompacta nos formatos citados além do RAR. Só lembrando que WinRAR não é um software gratuito. Após 30 dias de uso, você deve pagar por ele, caso queira continuar usando, como eram os antigos sharewares. Na nossa cultura, infelizmente, isso não funciona muito bem…

 

CAD draftsight-masterlogotm

Preciso de um software para abrir plantas feitas no AutoCAD ou de qualquer software que salve em DWG. Como sou usuário de Linux, o software que tem me atendido é a versão gratuita do Draft Sight, da Dassault Systems, a mesma desenvolvedora do Solid Works. Existem outros como o LibreCAD, FreeCAD e o NanoCAD. O NanoCAD também é muito bom, mas não roda no Linux.

 

Sistema Operacional logo-ubuntu_st_no®-orange-hex Xubuntu_logo_and_wordmark.svg

Linux. Comecei com o Ubuntu e hoje estou usando uma variação dele, o Xubuntu, pois tem uma interface mais leve. Na minha opinião, além de gratuito, é mais leve e tem melhor desempenho e segurança que o Windows.

Se, por um acaso, você precisa usar um software que só tenha versão para Windows, pode-se tentar rodá-lo pelo Play On Linux ou pelo Crossover, a versão paga do Play On Linux.

 

CONCLUSÃO

Você não precisa ser radical e mudar sua lista de softwares toda de uma vez. Como eu expliquei no início, fui fazendo isso aos poucos até sentir segurança. Outro hábito que eu criei foi, ao analisar um software pago, procurar saber o quanto ele custa. Conheci pessoas tão viciadas na pirataria que nem cogitavam saber se o software era acessível ou não. Nem todos custam R$15.000,00.

Parei de baixar tutoriais pagos por meios ilegais por uma questão moral. Eu estava dando aulas e produzindo materiais semelhantes, o que, confesso, me fez sentir na pele o que é ter seu material distribuído de forma ilícita. Material que dá bastante trabalho pra produzir. Apaguei tudo do meu HD e mantive os que eu havia comprado. Sempre que eu preciso te tutoriais pagos ou AddOns pagos para Blender eu os compro.